A Gaivota Farragulha

    segunda-feira, maio 19, 2008

    A cova de Noé

    Este texto foi-me enviado pelo meu amigo Tomás Ramos como sugestão para um post, mas achei o tema tão interessante que decidi publicá-lo aqui na integra. Fica aliás aqui o convite a todos aqueles que queiram publicar textos neste blog:

    A ONU há anos que vem alertando para o facto de que considera que os fundamentos para uma III guerra mundial irão girar em torno da falta de água. Se nas Nações civilizadas sempre se achou que este era um problema do terceiro mundo, hoje com um exemplo bem ao lado, em barcelona, verifica-se que de facto é um problema global. Verdade é que resulta a montante das alterações climáticas, mas resulta a jusante da ausencia de um consumo recional. Este problema afecta igualmente Portugal, e se há muito que se lança o debate sobre esta temática, facto é que o País ainda não desenvolveu esforços para assegurar um consumo racional neste âmbito (o mesmo se diria relativamente ao consumo energético). Caricato continua a ser o que se passa em barcelona, segundo o SOL:"Sem chuva e com as barragens a registarem o seu nível mínimo, os catalães não poderão lavar os seus automóveis, encher piscinas, regar jardins e hortas, lavar quintais ou tomar três ou quatro banhos ao dia.

    O jornalista catalão Daniel Solano confessou à agência Lusa que «a escassez de água é verdadeiramente preocupante, mais do que as pessoas julgam. O único lado positivo é a tomada de consciência por parte da administração e da sociedade».
    Na opinião de Solano, «na Catalunha nunca nos preocupámos com os nossos recursos naturais. Sempre desperdiçámos», por isso «é urgente mudar mentalidades».
    Convencido de que «muitos estão acostumados a viver desperdiçando a água», Daniel Solano mostrou-se de acordo com as multas, restrições e proibições que o governo catalão impôs aos cidadãos que desperdicem água e que podem ir até aos 3.000 euros.
    Daniel Solano acha que todos os catalães «gostariam de ter uma vivenda com piscina, muita água para regar grandes jardins, lavar os seus carros, lavar os seus animaizinhos, lavar quintais. Mas agora tudo isso acabou».
    O que não se pode fazer agora - lembrou - é apelar à solidariedade das regiões que tiveram o cuidado de poupar água.
    «Sempre desperdiçámos e agora pedimos que aqueles que pouparam sejam solidários connosco. Teríamos que ser mais previdentes», disse Solano.
    O jornalista partilha um apartamento com mais cinco pessoas, onde a factura de água é, em média, de 30 euros por mês.
    E já começou a tomar as suas medidas preventivas: «reparei as torneiras que perdiam água, coloquei sistemas, sobretudo na casa de banho, para poupar água, lavo a louça sem a torneira sempre aberta, lavo-me uma vez ao dia quando antes eram três e o meu duche dura menos de 10 minutos, lavo os dentes e controlo a torneira, lavo roupa na máquina uma vez por semana: uma de roupa branca e outra escura, não lavo o carro, nem o cão, nem os jardins. Trata-se de ser consciente e saber que sem água a vida é impossível».
    E é assim que muitos catalães já começaram a viver. Já se nota na paisagem que há jardins a secar. Há quem vá com o coração apertado deitar água comprada em garrafão no vaso com a planta preferida, mas os canteiros podem estar condenamos à morte se não chover.
    Já não se vêem nos pátios e quintais as mangueiras a lavar carros, nem a jorrar água para tirar o pó do chão.
    Uns fazem-no simplesmente por medo às multas, mas outros já começaram a tomar consciência de que cada gota que pouparem pode vir a fazer falta amanhã.
    E na esfera privada só os que já tomaram consciência conseguem poupar. Dentro de casa não é tão iminente o risco de multa. Há quem não encha a piscina porque alguém vai ver e denunciar, mas «enche a banheira porque ninguém vê», admite Solano.
    Para essas situações, a medida equacionada pelo governo é aumentar o preço da água. Mas a polémica dos interesses económicos já se faz sentir. «A sociedade está contra o negócio da água. A água é de todos e ninguém se pode apropriar de um bem tão escasso e valioso, essencial à vida humana».
    O que é certo é que há restaurantes que já pretendem cobrar o jarro de água que põem na mesa às refeições.
    Daniel Solano considera que, «perante uma situação tão grave, além de sancionar, é preciso controlar». E propõe que «fechem as fábricas onde se engarrafa a água, controlem mais as petroquímicas, os campos de golfe e os locais onde se usa a água para fazer negócio, as máquinas e locais para lavar carros».
    Para o jornalista, uma prova de que «nunca houve bom senso» é que «os parques públicos não estão povoados com plantas mediterrânicas».
    Mesmo assim, a administração já deu o exemplo e já se vêem as rotundas com fontes desligadas.
    Em nome do aproveitamento de água, Daniel Solano apela aos políticos para que «digam a verdade e assegurem que vai mudar o sistema».
    Para já, estão a ser divulgados pelos cidadãos «gestos para poupar água». Lavar os dentes com um copo e sem a torneira aberta e deitar água no lavatório para lavar a cara, as mãos ou para barbear fará poupar «12 litros por minuto». Usar um recipiente próprio para papéis e não a sanita. Fechar a torneira de segurança. Consertar as torneiras que pingam ou substitui-las, dispositivos de poupança nas torneiras e chuveiros fará «reduzir o consumo em cerca de 50%». Utilizar a máquina de lavar roupa e louça com a carga completa e o programa adequado porque «quando se lava à mão gasta-se 40 por cento mais de água». Instalar uma cisterna com sistema adequado a poupar «reduzirá para metade o consumo de água» e tomar duche em vez de banho de imersão e fechar a torneira enquanto a pessoa se lava «fará poupar em média 150 litros de água."

    terça-feira, maio 06, 2008

    Museu Berardo: um excelente museu de arte moderna que enriquece Portugal

    Não é uma Grande exposição em dimensão. Nem sequer é um museu Grande em virtude do número de obras arte pertencentes a artistas celébres. Mas é, sem dúvida nenhuma, uma Grande colecção pela precisão cirúrgica das obras expostas, todas elas exemplares-tipo de um período e de um estilo; pela ausência da já costumeira reverência bacoca aos nomes conceituados da arte internacional, hoje mais frequentemente dispostos ao quilometro pelas paredes das grandes galerias mundias; pela inclusão de artistas até agora quase desconhecidos do público em geral; e, por estar cá, em Lisboa, Portugal. Deveria ser um motivo de orgulho para todos nós ter uma exposição como esta - e ainda por cima, disponível a todos de graça! Aqui ficam três das obras mais emblemáticas do Museu Berardo. Sem querer influenciar a vossa opinião, devo confessar um fraquinho pela primeira que causou aquilo a que se pode chamar de SENSAÇÃO:


    Frank Stella - Severambia


    Picasso - Mulher numa Cadeira de Braços






    John de Andrea - Arden Andersen and Norma Murphy