
Não passou despercebido a ninguém de que a ofensiva russa sobre a Ossétia do Sul tomou lugar no exacto dia em que começaram os Jogos Olímpicos. Este facto contribuiu apenas para agravar o sentimento generalizado de repugnância contra uma intervenção absolutamente desproporcionada, tal a violência e o cáracter imprevisto do ataque, fundada numa lamentável questão de domínio regional da Russia. A Ossétia do Sul nem sequer tem petróleo ou gás natural para "justificar" uma guerra no contexto da época em que vivemos (embora a Georgia possua reservas de gás natural). Pelo contrário, a província é incrívelmente pobre, a sua economia principalmente centrada na agricultura.
Desde as primeiras imagens que vi sobre este conflito fiquei muito impressionado com a brutalidade do ataque, com o maquiavelismo russo e com o contraste entre o que se está a passar no território e o resto do mundo, em sua grande maioria, de férias, longe de todos os problemas. Só esta terça-feira, enquanto estava a ver a CNN no ginásio, percebi que nem todo o mundo está de férias. Pois é: neste canto do mundo, há uma eleição importante a decorrer e uma ofensiva agressiva da antiga União Soviética não é assunto para ser ignorado. De súbido, o tema em roda-pé na CNN, na NCB e na Fox deixou de ser a crise económica, o petróleo, a Guerra no Iraque, ou no Afeganistão e passou a ser a eterna inimiga, a Rússia. E a "million dollar question" em todos os canais era: o que fariam John McCain ou Barack Obama se fossem Presidente?
Uma vez que os candidatos não estavam acessíveis para comentários (aparentemente, estavam de férias), e o Presidente Bush tinha-se já adiantado com dois ou três comentários prepotentes sobre a omnipotência americana (por isso, tantos americanos o adoram), a CNN chamou dois comentadores para responder pelos candidatos. Numa exemplar demonstração de imparcialidade nos media americanos, tanto um como o outro argumentaram que John McCain era o homem que os americanos podiam contar para resolver estes problemas. Por sua vez, Obama não tinha a experiencia (tanto militar, como política) para lidar com os preversos Russos.
Embora este aspecto não tenha ainda provocado um impacto significante sobre as sondagens, temo que um agravamento do conflicto, uma maior intervenção dos EUA, venha a ter um impacto considerável sobre as intenções de voto. De facto, não existem dúvidas que numa situação de ameaça física, os americanos parecem encontrar conforto na rigidez e estilo imperialista do Partido Republicano - principalmente, quando o candidato oposto se chama Barack Hussein Obama. Aliás, já num post anterior falei da possibilidade de guerra no Irão vir a servir de alíbi a McCain para chegar à Casa Branca. Espero que não seja esse o caso, principalmente pelos Ossétios, mas também pelo futuro do mundo.