
A cinco dias das eleições americanas, parece quase certo que Barack Obama será o vencedor. Felizmente, tenho televisao em casa porque de outra forma não teria forma de acompanhar a recta final destas alucinantes eleições. Lembro-me da primeira vez que ouvi de Barack Obama, estava a começar o meu mestrado na LSE: li um artigo no The Guardian sobre um jovem senador com grandes aspirações políticas. Na altura, fiquei imediatamente captivado pelo seu perfil pessoal, pela sua carreira como activista social e político mas sobretudo pela sua posição em relação à Guerra do Iraque. Tal era a importância da questão para mim, que ainda antes de ouvir qualquer um dos seus brilhantes discursos, ainda antes de ele anunciar a sua candidatura, escolhi Barack Obama como o meu candidato. Desde aí, segui com interesse cada um dos seus passos, visitei a sua página no 'Facebook' para ler updates, e cheguei mesmo ao ponto de (quem passou por minha casa em Londres nesse ano, porventura lembrar-se-á) colar uma fotografia sua na parede do corredor - era o início do Obama 'superstar'.
Mais tarde, já depois de Hillary e Obama anunciarem publicamente as suas candidaturas, tive oportunidade de expor a minha convicção a uma figura da politica portuguesa, tendo recebido em troca apenas a condescendência pelo meu 'idealismo e ingenuidade.' A vitória era de Clinton, dizia-se. Finalmente, na noite de 3 de Janeiro de 2008 assisti em directo à vitória inesperada de Obama no caucos de Iowa. Cinco dias mais tarde, também em directo, quase perdi a esperança perante o discurso triunfante de Clinton nas primárias de New Hampshire. Estava sentado sozinho em frente do televisor, a curar as mágoas como um gato lambe as feridas após a escaramuça, quando Obama subiu ao palanque e proferiu as palavras que entretanto foram inscritas nos anais da História: "Yes, we can!" Naquele momento, tal como milhões de espectadores na América e no mundo, soube que estava perante não só o melhor candidato, como também o futuro vencedor das eleições.
Ao longo dos meses seguintes, descobri muito mais sobre este candidato e sobre as suas propostas, por vezes surprendendo-me pela negativa, outras pela positiva. Porém, mantive sempre as minhas duas convicções originais: que Obama era o melhor candidato; e que seria o vencedor. Hoje, mesmo reconhecendo a possibilidade de surpresas de última hora, sinto as minhas opções reinvindicadas, quer pela vantagem considerável apontada por todas as sondagens, quer pelos apoios que Obama conseguiu reunir - o último dos quais pelo The Economist. Obama é já o vencedor para todos aqueles que, como eu, acreditaram que a America estava preparada para abandonar os políticos e as estrátegias do passado e voltar a face para uma nova era. Obama é já o vencedor porque, pese embora as eventuais limitações prácticas da mensagem de mudança na Casa Branca, ela já aconteceu por todo o país - como diria o próprio, "something is happening in America." Por isso, na próxima terça-feira, em vez de estar sentado em frente ao televisor a roer as unhas, vou dormir tranquilamente com a confiança de estar num mundo um bocadinho melhor.
Texto e Imagem: Meus