A Gaivota Farragulha

    sexta-feira, setembro 18, 2009

    Homens entram na luta...

    "E ao 3.o dia Deus deu-nos humor como deve ser: mal--comportado", Rui Zink. Os outros que se acautelem...

    sexta-feira, setembro 04, 2009

    That sinking feeling...



    ("De Espanha, nem bons ventos... nem bons casamentos" já rezava o ditado)




    Foi precisamente às 12h43 de quinta-feira, 3 de Setembro de 2009. José Sócrates perdeu as eleições legislativas. Foi pois nesse exacto instante que Portugal ficou a saber, através da edição online do Público, que a Prisa, grupo espanhol administrador da Media Capital, suspendeu o Jornal Nacional da TVI de sexta-feira. A decisão levou à demissão em bloco da direcção de informação, cuja subdirectora era a pivot desse telejornal, a controversíssima Manuela Moura Guedes. Ao longo de ontem e da manhã de hoje, seguiram-se especulações e revelações, assim como declarações de vários intervenientes públicos. Uns dizem que é testemunho à práctica de ‘asfixia democrática’ pelo governo, outros que “é um acto socialista, com um aliado socialista que é a Prisa”, outros que é “um escândalo do ponto de vista político, empresarial e da liberdade de expressão”, que é “estúpido e inoportuno”, “absolutamente inaceitável” ou que é “difícil perceber a inteligência desta decisão.” Uma coisa é certa: o grande lesado desta história é José Sócrates.

    A pouco mais de vinte dias das importantes eleições, será já muito difícil afastar a imagem de falta de seriedade e respeito por princípios básicos da democracia do Primeiro-Ministro – uma ideia que aliás tinha sido escolhida (por brilhante sentido estratégico ou por mera sorte) pelo principal partido da oposição como a ideia central da sua campanha contra o governo. Num país que guarda bem viva a memória da ditadura, cuja manifestações mais evidentes eram exactamente a censura e a PIDE, atropelos sobre a liberdade da expressão provocam (e ainda bem) repugnância e ultraje geral. Neste caso, a mera aparência basta - José Sócrates tinha inclinado o caldo quando acusou, no dia 21 de Abril, o Jornal Nacional de "jornalismo travestido." A esta situação dramática acresce ainda que as três peças sobre o caso Freeport, que Manuela Moura Guedes pretendia apresentar no jornal de sexta e que alguns consideraram a origem da decisão da Prisa, ainda não foram apresentadas*. Cada dia que passa sem essas peças virem a público aumenta exponencialmente a percepção de que algo está a ser escondido dos Portugueses e de que o Governo e o PS estão de qualquer modo relacionados com esse mistério. Mais, caso essas peças venham agora a público, todos nós, mesmo aqueles que não viam e eram críticos dos telejornais apresentados por Manuela Moura Guedes, dispor-se-ão a assistir a essa tal “investigação de Verão.” Não tenho dúvidas que será o pico do timeshare em Setembro. Porém, mesmo que a qualidade e o teor das revelações seja exíguo, a todos nos relembrará que o actual Primeiro-Ministro, candidato a um novo mandato, está envolvido num processo grave de corrupção. Por muito menos do que isto, perderam-se eleições no passado deste país…

    * Escrevi este texto ao início da tarde, mas entretanto tive que sair. Fiquei agora a saber que as tais peças sobre o Freeport farão parte do telejornal de hoje da TVI. Fico contente, pois acho importante para a clarificação dos cidadãos antes das eleições e incito-os a todos a vê-las também.