(Saiba-se que o norte da Síria foi onde um dos locais mais bonitos onde o autor já esteve. IndigoeoMar)
Caros leitores,
Como os poucos que visitam este blog terão eventualmente reparado, o ritmo de publicação tem vindo a abrandar nos últimos tempos, sendo que, desde a morte de José Saramago, nada mais foi publicado neste blog. Na realidade, estava a adiar o momento em que vos teria de dizer, mas sobretudo reconhecer para mim próprio, que o percurso de vida deste blog, o Indigo e o Mar, chegara ao fim.
Vários motivos me levam a tomar esta decisão. Em primeiro lugar, a temática condutora a que os textos sempre regressavam - a situação política em Portugal - entrou numa fase de auto-repetição que serve mal de inspiração a quem escreve por gosto e missão auto-imposta. No fundo, e apesar das tristes transformações que hoje que se dão no nosso país, muito pouco se poderia acrescentar ao que já foi escrito sobre o actual Primeiro-ministro, o Governo, os partidos da oposição e a sociedade civil. Infelizmente, não consegui atingir o meu objectivo de usar esta plataforma para incitar a um debate fruitivo sobre a direcção estratégica do país. No melhor dos casos, as minhas palavras causaram algumas reacções vitriólicas que pouco ou nada contribuíram para o diálogo essencial que deveríamos ter.
Por outro lado, a minha vida está também prestes a sofrer uma grande mudança, pelo que decido romper com aquilo que foi até agora. Como alguns de vocês sabem, vou começar uma nova vida ‘across the pond’, como os ingleses gostam de se familiarizar com o Atlântico, que certamente implicará uma adaptação a novos modos de pensar, ser e estar. Não vos pretendo entediar, como fiz outrora, com histórias da minha experiência numa nova sociedade; acima de tudo, porque este blog nunca foi sobre mim e sobre a minha vida, mas sobre o mundo e, de vez em quando, sobre as minhas ideias sobre ele. Por isso, deixo para mim próprio ou para aqueles que mantiverem o contacto comigo sobre a minha vida nos próximos meses.
Por fim, e porque temos de ser sinceros, abandono este blog por não conseguir construir a base de leitores que ambicionava. Não raramente, sentia que apenas eu me lia a mim próprio. Inicialmente, não levantou objecções de consciência, mas à medida que os textos se foram tornando mais ambiciosos fui sentindo que o meu tempo era cada vez mais desperdiçado neste blog. Em nome de que fim, escrever sobre a política e as mudanças que deveriam ser tomadas se ninguém nos lê, e se ninguém nos contrapõe – para tal, guardo as ideias na segurança do meu pensamento que assim sempre as conjuro melhor para uso futuro. Reconheço que o problema seria meu: o estilo dos textos, o vocabulário empregado, o design do blog, se calhar até, a falta de uma linha objectiva e definidora do blog no seu todo. O Indigo e o Mar era um blog que se propunha publicar sobre a vida contemporânea mas que talvez se devesse dedicar em exclusivo a uma das suas várias facetas.
Em suma, são estes os pontos de reflexão neste momento. São conclusões de um final, mas quem sabe talvez também ideias para um começo. A fonte não secou. Continua aqui, bem vivo, o desejo de escrever sobre nós e o mundo e de partilhar com todos vós os meus pensamentos. Simplesmente, hoje reconheço a necessidade de encontrar um veículo melhor para as minhas ambições. E é disso que se trata este adeus. De um período de avaliação e regeneração.
Obrigado por me acompanharem!
Indigo
Indigo